sábado, 22 de novembro de 2014

VIDA DE POETA




Toda vez ao se deitar,
Depois de caminhar
Pelas estradas de suas buscas,
Certo poeta
Passava horas intermináveis
Olhando para as suas sandálias.



Em sua meditação
Via-se no topo da existência
E do prazer inconfessável,
Por ter trilhado caminhos pouco conhecidos
De sua tempestuosa realidade.
 


Após infindáveis interrogações,
Suas sandálias empoeiradas das ruas de areão
Permaneciam inanimadas,
Contudo, seus pés fervilhavam de tanto andar,
Ou correr para chegar cedo à casa
Antes que sua mãe notasse sua ausência.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

DIVAGAÇÕES



Semelhante  a   ave migratória
Contemplou e  até viveu em algumas paragens
Longe do seu habitat,
D’onde em suas divagações tem recordações
Por vezes, felizes.

Viajante certamente,
Errante talvez.

Caminhou em estrada de chão,
Amou
E sentiu solidão.

Debruçado na janela da saudade ,
Buscava  o horizonte com as vistas embaçadas,
De lágrimas, poeira e decepção.

Levantava o olhar para  o céu
Sorria...
Agradecia...
E recomeçava com os seus devaneios.
 
Aspirava amar e ser acariciado pelo vento
que sopra no verão do Araguaia,
Sonhava beijar um rosto macio duma colega de escola
E namorar escondido no canto da rua.

Divagava pelas praias e espreitava na sutileza da noite escura,
A nudez  serena das estrelas
E esperava com paciência o aparecimento da lua.

Com a cumplicidade da madrugada,
Que oculta os mais loucos desejos
Dos enamorados pela vida,
Lembrava do seu primeiro amor.

sábado, 30 de agosto de 2014

BUSCA



Em uma manhã de verão
O sol dividia o seu brilho com a vida
E aquecia as flores dos jardins da terra.

Meu olhar  vagava
Pela natureza urbana
ouvindo o canto dos pardais
que nos recantos da cidade edificada
à beira de um rio,  ensaiavam a sinfonia cotidiana.

Em meio à vagação temporal,
Um ser de singular significância,
Procurava no ar
 
O  pretexto da sua essência;
Aquela que  rompe-se  nua
E em seguida veste os farrapos da covardia.

Subitamente  a nutrição celestial invade a sua alma,
Aflorando a fé que estava escondida no seu profundo existir.
Percebendo-se cruamente em si, grita...!
Loucamente... arrependido de ter duvidado,
Mas ninguém o ouve.
Já não existe em sua própria busca.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

SILÊNCIO






Não existe solidão
No meu momento presente,
Agora é silêncio.

O silêncio dos amigos,
Do lar
Do trabalho
Do dia.

O silêncio mais fustigante 
É o do sono
Pois até a noite silencia
além do que deveria
Pra eu dormir...

Se assim  não fizer
Não durmo!
Pois tudo em mim está inquieto.

O silêncio é  tão massacrante
Que não consigo lembrar
Da cantiga dos banzeiros da minha meninice.



A única lembrança
Que o sossego que hoje tenho
Não apagou
Foi a das brancas areias
Da praia de  minha infância
Que Cantavam aos meus pés
Ao correr atrás das gaivotas.